A IMPORTÂNCIA DO MUSEU PARA A CONSTRUÇÃO DO SABER NA ESCOLA PÚBLICA
Wagner Aragão Teles dos Santos[1]
Resumo: Este presente trabalho visa discutir a importância das
visitas aos museus para o processo de aprendizagem na escola pública.
Contribuindo assim, para a reflexão sobre as políticas públicas voltadas para a
área de educação, que ajude na ampliação da utilização dessa ferramenta
histórico-didático-pedagógica.
Palavras-Chave: Educação; Patrimônio Histórico; Museu;
Memória.
Não é difícil encontrarmos no Brasil alguém que nunca visitou um museu em
toda a sua vida. Na verdade, no nosso país esse é um hábito pouco praticado
pela população em geral.
As pessoas geralmente, não enxergam os museus como espaço de construção
do saber histórico e social, e sim, como “um lugar onde existem coisas velhas,
objetos velhos”.[2]
Os museus históricos, se bem utilizados, são uma fonte quase inesgotável
do saber. Espaço de produção e socialização do conhecimento, de identificação
do sujeito com a sua história e de conscientização da preservação do patrimônio
cultural.
Segundo Ana Ramos Rodrigues, os objetos que se encontram nos museus,
“estão carregados de historicidade”.[3] No
entanto, para ela, “é preciso exercitar o ato de ler os objetos, de observar a
história que há na materialidade das coisas”[4].
Ou seja, é preciso um olhar crítico, que possibilite a leitura do que está
subentendido no objeto ao qual está se olhando, em que a criticidade, o
questionamento e a obtenção de respostas, sejam elementos fundamentais na visita ao museu, para que também, a memória
elitista preservada nos inúmeros museus deste país, seja questionada pelas
classes que se sintam excluídas.
Corroborando com essa linha de pensamento, Caiuá Al-Alam nos diz, que o
museu não é apenas um espaço para nos preocuparmos com as coisas que
aconteceram no passado, e sim, “porque elas foram como foram”.[5] A
partir disso, devemos pensar o museu como espaço de questionamento do passado-
não apenas para conhecermos o nosso passado- mas, para questionarmos o passado
para sabermos porque as ações humanas aconteceram da maneira que aconteceram,
lançando luz às contradições existentes na sociedade contemporânea.
Para que esse olhar crítico diante das peças existentes nos museus seja
utilizado pela população em geral, devemos pensar em primeiro lugar, na
valorização dos museus como patrimônio cultural. E essa valorização, acreditamos
que deva começar na escola, para que o indivíduo desde muito cedo perceba as
relações existentes entre o patrimônio cultural e a sua trajetória como sujeito
histórico.
A
educação patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que
possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à
compreensão do universo sóciocultural e da trajetória histórico-temporal em que
está inserido. Este processo leva ao reforço da autoestima do indivíduo e
comunidades e à valorização de sua cultura, compreendida como múltipla e
plural.[6]
A partir disso, o aluno se identifica com o patrimônio cultural e
preserva algo que é comum à toda a comunidade em que está inserido, sendo
agente propagador da preservação da memória, do conhecimento adquirido e do
olhar crítico aprendido com a observação das peças existentes nos museus.
Dentro desta perspectiva, as visitas aos museus históricos deveria ser
algo comum na rede pública de ensino de todo o país, estimulando assim, o
interesse posterior do cidadão com seu patrimônio histórico-cultural. Segundo
Ana Ramos Rodrigues, “uma visita pode representar pouco, mas este pouco poderá
ser o estímulo para que ocorram outras visitas posteriores e estimulem a
construção de novos conceitos”. No entanto, ainda percebemos resistência dos
professores e da direção escolar ao se tratar de visitas à museus, assim como,
observamos a falta de políticas educacionais voltadas para aproximar o museu da
escola.
Há uma necessidade de se implementar no país, uma política educacional em
que a visita ao nosso patrimônio histórico se torne mais uma, das inúmeras
ferramentas importantes na prática docente. É necessária uma mudança da
comunidade escolar ao se tratar desse assunto. Ana Ramos Rodrigues nos conta
que:
Desenvolvendo
uma maior conscientização cultural para professores, alunos e todos os
envolvidos, não ficando apenas o museu desenvolvendo seu trabalho e a escola
agindo de forma passiva. É necessário incentivar um maior desenvolvimento das
partes, para proporcionar aos alunos, um acesso maior a esse tipo de cultura.[7]
A necessidade à cultura por parte dos alunos da escola pública é uma
questão extremamente delicada, pois, apenas depois de entendermos os aspectos
sócio-econômicos do nosso país, poderemos entender o porquê da indiferença da
grande maioria da sociedade brasileira em relação ao patrimônio histórico e
cultural.
Os alunos que estudam nas escolas públicas do nosso país, em sua grande
maioria, fazem parte da classe menos favorecida economicamente da nossa
sociedade, que dentre outras necessidade, carecem por acesso à cultura,
informação e lazer.
Segundo Ana Ramos Rodrigues, “no Brasil, pesquisas mostram que, na
maioria das vezes, é somente por meio da escola que crianças e jovens das
classes em desvantagens econômicas visitam as instituições culturais”.[8]
Assim sendo, podemos perceber o quanto a escola é importante para a
mudança de pensamento da nossa sociedade em relação à valorização e preservação
do patrimônio histórico-cultural, assim como, a identificação do indivíduo e da
comunidade com a memória que está preservada nestas instituições.
Dentre os inúmeros problemas existentes na escola pública brasileira, o
distanciamento entre escolas e museus é mais um obstáculo que nossa sociedade
deve ultrapassar para transformá-la num verdadeiro espaço de socialização e
construção do conhecimento.
REFERÊNCIAS:
Al-ALAM, Caiuá
Cardoso; ARAÚJO, Edson Souza de; PEREIRA, Kaiene de Carvalho. Museus e educadores: uma reflexão sobre o uso
de museus como ferramenta pedagógica. Revista Latino-Americana de História. V.
2, n. 6, p. 553-168, ago. 2013.
PACHECO, Ricardo
de Aguiar. Educação, Memória e Patrimônio: ações educativas em museus e o
ensino de História. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 30, nº 60, p. 143-154, 2010.
RODRIGUES, Ana
Ramos. O Museu Histórico como Agente de Ação Educativa. Revista Brasileira de
História e Ciências Sociais. v. 2, n. 4, p.215-222.
RODRIGUES, Ana
Ramos. O museu e o ensino de história.
Disponível em: http://www.revistamuseu.com.br.
Acesso em: 22 out 2013.
[1] Wagner
Aragão Teles dos Santos é graduado em Licenciatura em História pelo Centro
Universitário Jorge Amado e especialista em História Social e Econômica do
Brasil pela Faculdade São Bento da Bahia.
[2] RODRIGUES,
Ana Ramos. O Museu Histórico como Agente de Ação Educativa. Revista Brasileira
de História e Ciências Sociais. v. 2, n. 4, p.217.
[3] RODRIGUES,
Ana Ramos. O Museu Histórico como Agente de Ação Educativa. Revista Brasileira
de História e Ciências Sociais. v. 2, n. 4, p. 217, dez. 2010.
[4] idem.
[5]Al-ALAM,
Caiuá Cardoso; ARAÚJO, Edson Souza de; PEREIRA, Kaiene de Carvalho. Museus e educadores: uma reflexão sobre o uso
de museus como ferramenta pedagógica. Revista Latino-Americana de História. V.
2, n. 6, p. 556, ago. 2013.
[6]PACHECO,
Ricardo de Aguiar. Educação, Memória e Patrimônio: ações educativas em museus e
o ensino de História. Revista
Brasileira de História. São Paulo, v. 30, nº 60, p. 149, 2010.
[7]RODRIGUES,
Ana Ramos. O museu e o ensino de
história. Disponível em: http://www.revistamuseu.com.br.
Acesso em: 22 out 2013.
[8] idem.
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