sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Escola Dos Annales

 A Escola dos Annales foi responsável por uma verdadeira revolução na historiografia. A partir dela a história não era mais simplesmente a narrativa de fatos como era feita pelos “positivistas”. Para esse novo grupo, até os documentos oficiais, que antes eram reproduzidos sem uma análise, diziam mais do que os historiadores que os antecederam poderiam imaginar.
Segundo Peter Burke em A Escola dos Annales, com os Annales a história se abrangeu à estudos de várias estruturas sociais como a economia, a política, a cultura, a religião, etc. Ao trabalhar em conjunto com outras disciplinas ela deu um importante passo para um melhor entendimento da história. Com a antropologia houve uma maior possibilidade de compreender o comportamentos de civilizações antigas, a psicologia contribuiu imensamente nos estudos das mentalidades e assim como outras.
Burke cita que Lucien Febvre dizia: “Historiadores sejam geógrafos. Sejam juristas, também, e sociólogos e psicólogos”.
É claro que esse grupo não fez uma ruptura total na forma de ver a história, por que segundo Burke, Michelet já defendia a “história da perspectiva das classes subalternas”, Fustel de Coulanges dedicava-se à história da religião, da família e da moralidade e o Próprio Leopold Von Ranke se preocupava com a história das Artes, da literatura e da ciência. O que os Annales fez foi ampliar este horizonte à distância até antes nunca imaginada.
            A partir da Escola dos Annales, a história se expandiu, principalmente com a “terceira geração”, quando Christiane Klapisch escreveu sobre a história da família na toscana durante o Renascimento e Michèlet Perrot escreveu sobre a história do trabalho e a história da mulher.
Segundo Peter Burke em A Escola dos Annales os historiadores anteriores dos Annales haviam sido criticados pelas feministas por deixarem a mulher fora da história.  Ele também diz que na terceira geração, Geoges Duby e Michèlet Perrot se empenharam em organizar uma história da mulher em vários volumes.
Na década de 1960, Philippe Áries, através de cartas, diários e registros iconográficos escreveu sobre a infância na Idade Média.
Kalina Silva e Maciel Silva deixam claro no Dicionário de Conceitos Históricos que a valorização dos estudos das mentalidades pelos Annales marcou uma grande mudança historiográfica, pois ampliou de modo considerável não apenas o mercado de consumidores de História, mas as fontes e os temas trabalhados pelos historiadores: ”Desde então, tudo se transformou em fonte: diário, lendas, sonhos”. (pág. 280).
Hoje conhecemos um pouco do comportamento de vários grupos sociais da Idade Média, por exemplo, por conta da pluralidade de estudos dos Annales nesse período. .Isso mostra a diversidade dos estudos da Escola dos Annales, tentando abranger áreas ainda não estudadas profundamente.




REFERÊNCIAS: Burke, Peter. A Escola dos Annales (1929-1989): a revolução francesa da historiografia; São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1997.

Silva, Kalina Vanderlei e Silva, Maciel Henrique. Dicionário de Conceitos Históricos. 2. ed. São Paulo. Contexto, 2006.